9 de JaneiroÂ
"Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente nĂŁo sĂŁo para comparar com a glĂłria por vir a ser revelada em nĂłs." (Rm 8.19.)Â
Há um fato curioso a respeito da mariposa imperial: ela sai do casulo por uma abertura que nos parece pequena demais para o seu corpo. E, interessante, nĂŁo deixa vestĂgio de sua passagem: um Casulo vazio Ă© tĂŁo perfeito como um casulo ocupado. Vim a saber que, segundo se supõe, a exĂgua abertura desse casulo Ă© uma provisĂŁo da natureza para forçar a circulação dos humores nas asas da mariposa, asas que ao tempo da eclosĂŁo sĂŁo menores que as de outros insetos congĂŞneres.Â
Certa vez guardei por bom tempo um desses casulos, que tĂŞm interessante forma cilĂndrica. Estava ocupado. Eu anelava por ver chegar o dia da saĂda do inseto. Finalmente o dia esperado chegou: e lá fiquei eu uma manhĂŁ inteira, interrompendo a todo momento o meu serviço, para observar a trabalhosa saĂda da mariposa.
Mas, no meu entender, aquela saĂda estava trabalhosa demais! Pensei que talvez fosse por ter o casulo ficado tanto tempo fora de seu habitat, quem sabe se em condições desfavoráveis. Podia ser que suas fibras se tivessem ressecado ou enrijecido. E agora o pobre inseto nĂŁo teria condições de sair dali.Â
Depois de muito pensar, arvorando-me em mais sábio e compassivo que seu Criador, resolvi dar-lhe uma pequena ajuda. Tomei uma tesoura e dei um pique no fiozinho que lhe embaraçava a saĂda. Pronto!Â
Sem mais dificuldade, lá saiu a minha mariposa, arrastando um corpo intumescido. Fiquei atento e curioso para ver a expansĂŁo de suas asas encolhidas, o que Ă© um espetáculo admirável aos olhos do observador. Olhava curiosamente aqueles minĂşsculos pontos coloridos, ansioso por vĂŞ-los dilatarem-se, formando os desenhos que fazem da mariposa imperial a mais bela de sua espĂ©cie. Mas, nada... E o fenĂ´meno nunca se deu!Â
Em minha pressa de ver o inseto em liberdade, eu havia, sem o saber, impedido que se completasse o laborioso processo que estimularia a circulação nos minĂşsculos vasos de suas asas! E a minha mariposa, criada para voar livremente pelos ares, atravessou sua curta existĂŞncia arrastando um corpo disforme, com asas atrofiadas.Â
Muitas e muitas vezes tenho-me lembrado desta mariposa quando observo, com olhos compassivos, pessoas que se estĂŁo debatendo em meio a sofrimento, angĂşstias e dores. Eu de bom grado lhes cortaria a disciplina e daria liberdade. Homem sem visĂŁo! Qual dessas dores poderia sem dano ser poupada?Â
A perfeita visão, o perfeito amor, que deseja a perfeição de seu objeto, não recua por uma fraqueza sentimental diante do sofrimento presente e transitório. O amor de nosso Pai é muito verdadeiro para fraquejar. Porque Ele ama a Seus filhos, Ele os corrige, a fim de fazê-los participantes da Sua santidade. Com este glorioso fim em vista, Ele não nos poupa o pranto. Aperfeiçoados através do sofrimento, como seu Irmão mais velho, os filhos de Deus são exercitados na obediência e trazidos à glória, através de muita tribulação. — De um folheto